São João do Semi-árido

Aldo Di Cillo Pagotto *

Semi-árido nordestino, chuvas atípicas, agricultura familiar defasada, vocações fugindo da lavoura, gente nova inchando cidades, pouca produção de alimento da terra, nutritivo, gostoso, orgulho da cultura sertaneja. O que está acontecendo? Não é só mudança louca do tempo que ninguém mais prevê. Hoje o homem do campo precisa aprender a produzir com qualidade. Para isso é preciso investir na tecnologia.

A culpa não é da seca nem da cerca. A responsabilidade é de todos, órgãos governamentais, Fetag, sindicatos rurais, cooperativas, associações de produtores. Hoje se parte para os arranjos produtivos diversificados, com a oportunidade de produzir e comercializar com a qualificação das pessoas e facilitação dos serviços de abastecimento.

Hoje se estuda a vocação produtiva da região e se buscam recursos humanos, tecnológicos, financeiros, investindo nas atividades que variam entre agropastoris, hortigranjeiros, fruticultura nativa propícia para o Semi-árido, ovinocaprinocultura - sobretudo com o plantio da palma forrageira. A mini-irrigação pelas novas tecnologias propicia a produção agropecuária depois industrializada, favorecendo a demanda de serviços no mercado.

Novas oportunidades incorporam recursos naturais com as atividades produtivas rentáveis sem a exploração predatória da natureza. Na esfera da agricultura familiar, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) opera em vários segmentos. Atende aos produtores com renda anual de até R$ 6 mil, representando cerca de 80% dos agricultores familiares ainda perseverantes em algumas regiões do Semi-árido.

O Pronaf B atende às particularidades dos pequenos produtores de baixa renda, algumas abaixo da linha da pobreza. Se o pessoal produtor abandona o campo e se espanta para a cidade, como fica a economia do interior? Como fica a demanda por alimentos e serviços? Atividades rurais não-agrícolas também podem ser alternadas se houver investimentos através de políticas públicas e de incentivos de particulares, contando com contrapropostas produtivas. Nada vem de mão beijada...

Nosso desenvolvimento passa pela harmonização entre a agricultura familiar e o agro-negócio, não obstante este ser demonizado pelos ideólogos ligados aos sem terra. A população está adotando cada vez mais produtos orgânicos. Eis uma boa perspectiva como proposta para ser apresentada pelos candidatos ao Governo do Estado.

* Dom Aldo Di Cillo Pagotto, Arcebispo Metropolitano da Paraíba.

Fonte: www.cnbb.org.br

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