CNBB: Assembleia em Brasília

Genival Saraiva *

Pela 48ª vez, a CNBB realiza sua Assembleia Geral, no período de 3 a 13 de maio Duas circunstâncias motivaram o episcopado brasileiro a escolher Brasília como sede de sua Assembléia, em 2010: a comemoração do Cinquentenário da Capital Federal e a realização do XVI Congresso Eucarístico Nacional, de 13 a 16 de maio. Contribuíram para essa decisão o reconhecimento da importância da Capital política do País e a certeza de ter o Congresso Eucarístico uma forte linguagem de evangelização para essa metrópole de 2.600.000 habitantes e para o próprio País, dada a sua privilegiada condição de centro de irradiação nacional. A Concelebração Eucarística no dia 3 de maio, na comemoração do Cinquentenário da Primeira Missa, após a inauguração da Capital, teve uma significação especial, com a reprodução do mesmo cenário de 1957, na Praça do Cruzeiro. A memória de personagens do início de Brasilia, muitas conhecidas no mundo político e milhares desconhecidas, embora retratadas nas construções cinquentenárias, revestiu-se do sentimento de gratidão e tornou-se Ação de Graças ao Deus da vida e Senhor da História.

Em seu percurso de 50 anos, Brasília traçou seu próprio perfil, como centro de decisões importantes que favoreceram a unidade nacional, cujas administrações, porém, não foram capazes de atenuar a extensão das desigualdades sociais. Com efeito, elas são muito visíveis no peculiar traçado urbanístico da Capital e no diferenciado rosto das cidades satélites. O presente momento político do Distrito Federal, por conta de práticas incompatíveis com o exercício da democracia participativa, de parte de muitos de seus gestores e legisladores, empana a comemoração jubilar e se torna razão para a manifestação de um "mea culpa" do mundo político brasiliense.

Brasília, que já acolhera os Bispos do Brasil em 1970, por ocasião de sua 11ª Assembleia anual e do 8º Congresso Eucarístico Nacional, recebe, nesses dias, nas mesmas circunstâncias, mais de 300 Bispos que, atualmente, constituem o maior episcopado, dentre centenas de Conferências Episcopais no mundo. Mais do que pela força de disposição estatutária, os Bispos participam da sua Assembléia anual movidos pela consciência da colegialidade e pela busca da unidade. Como as anteriores, esta Assembleia anual da CNBB é uma experiência de comunhão episcopal e de participação colegiada; os Bispos têm uma oportunidade especial para fazer a leitura da realidade social e eclesial brasileira, sempre em vista de uma ação pastoral objetiva, empreendida conjuntamente.

Porém, é compreensível que, numa Conferência do porte da CNBB, haja leituras divergentes entre membros do episcopado brasileiro, em relação a determinados assuntos que são controversos, por natureza ou por certas impostações. Mesmo nesse caso, o amor à Igreja e a consciência da corresponsabilidade pastoral sobrepõem-se às posições pessoais e, dessa maneira, fica salvaguardado o clima de fraternidade. A vida de oração, as muitas horas de trabalho e os momentos de convivência corroboram a busca da unidade.

A participação em ações programadas durante o Congresso Eucarístico Nacional, com certeza, será um tempo de enriquecimento espiritual para cada membro do episcopado, sempre muito carente de momentos de interiorização, no seu dia a dia, sempre muito recheado de ocupação. Como pediram os discípulos de Emaús, como pedirão os participantes do Congresso Eucarístico, pedem os Bispos a Jesus, o Bom Pastor, "Fica conosco, Senhor"!

* Dom Genival Saraiva, Bispo de Palmares - PE.

Fonte: www.cnbb.org.br

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